Você sabe identificar e corrigir falhas nos processos de produção?

A metodologia Lean possui um conceito interessante sobre desperdícios em processos produtivos. Vamos entender?

Primeiro, vamos definir o que é um desperdício: É tudo aquilo que consome recursos e não gera valor para o cliente.

Considerando que quem paga pelos produtos é o cliente, podemos dividir tudo o que fazemos na empresa como atividades que trazem valor para o cliente e aquelas que não trazem valor para o cliente.

Entenda que tudo deve ser analisado sob a ótica do cliente, ou seja, vamos encontrar algumas atividades que precisamos realizar, mas que não necessariamente são valorizadas por nossos clientes.

Vamos entender através de um exemplo?

Fabricação de peças: Se estamos em um processo de fabricação de peças, o que o cliente deseja receber são as peças de acordo com o seu pedido e dentro das especificações, certo?

Ou seja, para o cliente pouco importa se durante a fabricação precisamos inspecionar 100% das peças ou não. Isso nos leva a concluir que as inspeções (embora na maioria dos casos são necessárias dentro do processo) não são tarefas que o cliente paga. Logo, não são consideradas atividades de valor.

Sob essa ótica, podemos classificar as atividades em 3 grandes grupos:

1. Atividades de valor: aquelas que os clientes pagam e que normalmente envolvem a transformação de matéria prima em produto;

2. Atividades que não agregam valor, mas são necessárias;

3. Atividades que não agregam valor e são desnecessárias.

Entendendo esses três grupos é possível focar em ações que:

1ELIMINEM ATIVIDADES01
2OTIMIZEM ATIVIDADES02
2OTIMIZEM ATIVIDADES03

Mas para conseguir essa abordagem, precisamos entender outro conceito da metodologia Lean Manufacturing, que são os 8 desperdícios. Como falamos anteriormente, desperdício é tudo aquilo que consome recurso e não gera valor. Podemos dividi-los em oito categorias, são elas:

8 DESPERDICIOS
  • Defeitos: Aqui está tudo aquilo que produzimos fora da especificação e precisará ser retrabalhado ou descartado. Ou seja, consumimos recursos para produzir materiais que não serão utilizados pelo cliente.
  • Inventário: Neste item incluímos tanto o estoque de matérias primas, produto acabado ou intermediário. O desperdício está em estocar aquilo que não será consumido ou vendido, ou seja, o estoque destes retarda a identificação e solução de problemas, além de ocupar o espaço físico do local.

Adicionalmente, é importante lembrar que inventário é dinheiro “parado” que poderia ser utilizado em atividades ou materiais que o cliente valoriza.

  • Espera: Processos, máquinas ou pessoas que necessitam estar em operação, mas estão parados. Seja por falta de material, pessoas, documentação ou por qualquer outro motivo.
  • Transporte: Neste item estamos falando do transporte de materiais, pessoas ou informação. Para o cliente, não faz diferença se o armazém de materiais está longe ou perto do processo produtivo, ou ainda se as etapas do processo são alinhadas ou não. Sendo assim o transporte é uma atividade que não irá agregar valor ao produto e como em muitos casos não pode ser eliminada, deve ser otimizada.
  • Movimentação: Neste item abordamos a movimentação desnecessária tanto das pessoas quanto de equipamentos e ferramentas durante o processo produtivo. Sabe aquele caso que para operar uma máquina o colaborador precisa ir buscar uma ferramenta lá no escritório? Ou abrir uma válvula que fica no mezanino? O ideal é que para a produção de qualquer item, a movimentação seja a menor possível, já que o cliente também não paga por ela.
  • Superprodução: Produzir mais do que o cliente deseja também é considerado um desperdício. Exemplos de superprodução incluem tamanhos de lotes superiores ao que o cliente deseja, produção em larga escala para diminuir o custo unitário, entre outros. Normalmente este desperdício impacta em um aumento de inventário, que já comentamos anteriormente, mas também implica no consumo de recursos para a produção de itens que podem não ser vendidos. 
  • Processamento excessivo: Realizar etapas de produção desnecessárias. Exemplos deste item incluem o retrabalho de um produto ou realizar uma inspeção por alguma ineficiência do processo.
  • Habilidades: Não aproveitar as habilidades das pessoas para a produção, desenvolvimento e melhoria de processos também é considerado como um desperdício, pois colaboradores desmotivados normalmente são menos produtivos e não trazem ideias para melhoria dos processos. 
 

Para conseguir enxergar esses desperdícios precisamos ir ao Gemba (palavra em japonês que significa local onde as coisas acontecem). Realizar uma caminhada Gemba significa estar onde a transformação acontece, conversar com as pessoas que realizam as atividades, entender os processos, como e porque eles são executados, identificar melhorias e trabalhar junto com as pessoas para a resolução de problemas.

Entendendo o conceito dos 8 desperdícios e do Gemba é possível não só identificar as falhas em um processo produtivo, como também entender melhor onde estas falhas estão e porque elas acontecem e ainda facilitar a busca por oportunidades.

Compartilhe:

Mais posts:

O Poder do ‘Por Quê’: Como Usar a Metodologia dos 5 Porquês para Chegar à Causa Raiz

Você já se perguntou por que certos problemas continuam reaparecendo na sua empresa? A metodologia dos 5 Porquês é uma ferramenta simples e poderosa para ir além dos sintomas e encontrar a verdadeira causa raiz. A técnica funciona de forma direta: ao questionar repetidamente “por quê?” sobre um problema, você revela camadas mais profundas até chegar à origem real da questão.

Ciclo PDCA na Prática: Como Usar Essa Ferramenta para Melhorar Processos

O Ciclo PDCA é uma ferramenta essencial para quem busca melhorar continuamente processos e alcançar melhores resultados. Composto por quatro etapas – Planejar (Plan), Executar (Do), Verificar (Check) e Agir (Act) –, ele permite identificar falhas, otimizar recursos e promover a eficiência em qualquer área da empresa. Na prática, o PDCA ajuda a estruturar ações de forma sistemática, garantindo que melhorias sejam sustentáveis e baseadas em dados concretos. Neste artigo, exploramos como aplicar essa metodologia no dia a dia da gestão, destacando boas práticas e exemplos reais de sua utilização. Seja na qualidade, produtividade ou inovação, o PDCA é uma abordagem poderosa para impulsionar o desempenho organizacional. Confira como implementar essa ferramenta e transformar processos com eficácia!

Os Pilares para Conquistar uma Certificação ISO sem Estresse

Conquistar a certificação ISO sem estresse é possível quando a empresa adota uma abordagem estruturada e estratégica. O primeiro passo é um planejamento cuidadoso, com prazos realistas e metas claras, que envolvem tanto a alta liderança quanto toda a equipe. O comprometimento dos líderes é fundamental para garantir que o processo seja bem-sucedido e que a equipe se mantenha motivada e engajada. A capacitação contínua dos colaboradores é essencial para que todos compreendam as exigências da norma e apliquem os novos processos corretamente. Além disso, a documentação deve ser objetiva e acessível, refletindo as práticas reais da empresa, sem excessos burocráticos. Realizar auditorias internas regulares permite antecipar problemas e ajustar os processos antes da auditoria externa. Com monitoramento constante e flexibilidade para ajustes, o caminho para a certificação ISO se torna mais tranquilo, garantindo que a empresa não apenas alcance a certificação, mas continue melhorando ao longo do tempo.

Semana Mundial da Qualidade 2025: Qualidade – Pense Diferente

A Semana Mundial da Qualidade 2025 traz o tema “Qualidade: pense diferente”, incentivando empresas e profissionais a desafiarem abordagens tradicionais e adotarem novas perspectivas sobre gestão da qualidade. Em um mundo cada vez mais dinâmico, a qualidade deve estar alinhada à estratégia organizacional, impulsionar o desempenho e envolver todas as pessoas na busca pela excelência. Isso exige uma cultura ágil, focada na inovação, na prevenção de riscos e na tomada de decisões baseadas em dados. Empresas que integram a qualidade ao seu modelo de negócios conquistam resiliência, crescimento sustentável e vantagem competitiva. A qualidade não deve ser apenas um requisito, mas um diferencial estratégico que cria valor para a sociedade. Durante essa semana, refletimos sobre como repensar processos, melhorar a gestão e inspirar uma cultura de excelência contínua. Vamos pensar diferente e transformar a qualidade em um verdadeiro motor de inovação e sucesso!

Contrate a DML

Confira nossos cursos e Consultoria técnica
PADRÃO DML

Se Inscreva na nossa Newsletter

Fique por dentro do melhor conteúdo que a DML pode te oferecer

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *